Há uma diminuição generalizada de portugueses a procurar ajuda para deixar de fumar. A crise explica, em grande parte, esta redução. Os fumadores queixam-se que “é cada vez mais complicado” pagar a medicação. E os médicos defendem a comparticipação dos medicamentos.

Há menos portugueses a procurar ajuda para deixar de fumar, em grande parte por culpa da crise, alertam especialistas. Os médicos defendem que os medicamentos deviam ser comparticipados para evitar desistências.

“O número de doentes a procurar ajuda está a diminuir. Nas consultas dizem-nos que é cada vez mais complicado pagar a medicação, que não é comparticipada. Neste momento, na zona centro, não há lista de espera para consultas de cessação tabágica. É uma diminuição generalizada no País”, afirmou ao DN Lourdes Barradas, coordenadora da Comissão de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).

O doente é seguido durante um ano nas consultas e em média faz três meses de medicação, com uma taxa de sucesso de 30%. “Nas consultas paga apenas a taxa moderadora. O tratamento custa, em média, 50 euros/mês. Normalmente, a medicação tem de ser feita durante 12 semanas”, explica a pneumologista, responsável pela consulta de cessação tabágica no IPO de Coimbra. Um português que fume dez cigarros por dia gasta em média 52 euros por mês. O problema é que, para o tratamento, o investimento é feito de uma vez e não ao longo do tempo. Ao final de três meses são 150 euros que um fumador tem de pagar em medicação, que não tem apoio do Estado. Isto apesar da diminuição do consumo ser uma das apostas do Governo.

“Há doentes que nos dizem que é um grande encargo para o orçamento familiar. Abriram-se consultas, nomeadamente nos centros de saúde, mas não se deram contrapartidas financeiras aos doentes. Parece um contra-senso, especialmente quando uma das directrizes da Organização Mundial de Saúde é incentivar as pessoas a deixar de fumar”, lembra.

Segundo o site da Direcção-Geral de Saúde, existem no País 221 consultas de cessação tabágica. Em 2009, eram 242, e, em 2008, 233. A comissão tabágica da SPP defende a comparticipação destes medicamentos e vai voltar a insistir no pedido junto da tutela. “Vamos pedir a comparticipação, que devia ser igual à dos ansiolíticos”, defende a médica, salientando que a medida poderá aumentar a taxa de sucesso.