Desemprego, redução dos salários, aumento do IVA e do IRS, cortes nas deduções fiscais e nos abonos de família ou portagens nas Scut. As medidas de austeridade e a crise económica estão a aumentar os níveis de ansiedade dos portugueses, garantem os médicos ouvidos pelo DN.

A corrida aos psicólogos está a aumentar, e o consumo de antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu 17% no último ano. Em Setembro foram vendidas 682 mil embalagens nas farmácias, mais 97 mil do que em Setembro de 2009 (mês em que foram comercializadas 585 mil), revela a consultora IMS Health. Mesmo de Agosto para Setembro de 2010, o número das vendas cresceu 22%, ou seja, mais 126 mil.

“Os portugueses enfrentam hoje muitos conflitos pessoais e problemas que desgastam o dia–a-dia. Andam mais ansiosos”, constata o psiquiatra Marcelo Feio. “O crescente consumo de antidepressivos prende-se com as expectativas ansiosas das pessoas, ao serem bombardeadas e esmagadas pelos problemas sociais. A expectativa, por exemplo, de perder o emprego ou de ficar sem dinheiro para pagar as despesas.” Segundo o especialista, numa fase inicial, a doença depressiva e a doença ansiosa apresentam sintomas comuns, como alterações do sono, palpitações, dores de barriga e suores, que deixam as pessoas angustiadas e as levam a procurar ajuda.